Apesar dos grandes desafios do partido e da conjuntura dura, mas volátil, é inquestionável que existem muitos setores com disposição de luta que, por vezes, são capazes de mobilizar centenas de milhares de pessoas que não aceitam o avanço reacionário. O movimento de mulheres que protagonizou o “ELE NÃO” em 2018, assim como a juventude e os profissionais de educação contra o contingenciamento de verbas da educação, foram focos de resistência e foram protagonizados pelos movimentos da Negritude e pelos movimentos LGBTQIA+.
O PSOL, por sua vez, conseguiu se posicionar com sobriedade diante da conturbada conjuntura, seja em suas intervenções no campo institucional e/ou nos movimentos de massa. Mesmo sendo oposição aos governos do PT, soube se posicionar contra o golpe de forma contundente. Mesmo sendo o partido que mais lutou contra a corrupção nos últimos anos, soube se posicionar contra a farsa da Operação Lava Jato, liderada por Sérgio Moro e Dallagnol - a qual hoje sabemos que foi arquitetada com o apoio dos Estados Unidos e com um atropelo aos procedimentos legais ainda maior que o antes conhecido. Tais acertos permitiram ao partido a construção de uma série de alianças com movimentos sociais, principalmente o MTST, APIB e Mídia Ninja, consolidando a candidatura de Guilherme Boulos e Sônia Guajajara à presidência da República.
Apesar do resultado eleitoral tímido daquela campanha, verificamos nas eleições de 2020 a importância daquela iniciativa, cujos esforços continuaram com a eleição de 90 vereanças pelo país, 5 prefeituras (inclusive a da capital paraense, com Edmilson Rodrigues) e candidaturas de grande êxito político, como a do próprio Guilherme Boulos junto com Luiza Erundina, na cidade de São Paulo. Tudo isso ampliou o prestígio do partido frente a milhões de pessoas, que, após dobrar a sua bancada federal nas eleições de 2018, hoje se consolidou como o único partido da câmara a ter maioria de mulheres em sua bancada.
Além disso, no cenário extremamente delicado da pandemia o partido acertou na leitura de proposta de combate a pandemia, o PSOL defendeu um programa emergencial para a crise: a) vacina para todos e todas; b) volta do auxílio emergencial de no mínimo R$ 600,00; c) lockdown em cidades em situação crítica; d) crédito fácil e barato aos micro e pequenos empreendedores; e) restrição da agenda de votações do Congresso Nacional a temas relacionados à pandemia; f) volta responsável dos serviços não essenciais quando a pandemia estiver sob controle.
Na difícil situação em que vivemos o Psol deve buscar o equilíbrio entre duas tarefas fundamentais: a defesa de toda a unidade com os movimentos sociais, as organizações populares e de trabalhadores, na defesa dos direitos sociais, ao mesmo tempo em que tem de se apresentar como uma alternativa política independente, orientada aos interesses da maioria da população, que demonstre ter tirado lições com o erros do passado.
Contudo, conseguir estes avanços não significa que cresceremos de forma automática, ou que ocuparemos na cena política brasileira faixas de poder de modo fácil. Ao contrário, seremos mais exigidos e teremos que lidar com os desafios postos de uma forma cada vez mais organizada, unitária e que busque sínteses entre a nossa militância para levarmos o partido a ganhar parcelas da população cada vez maiores para as nossas causas e ideias.
Comentários
Postar um comentário
Obrigado por postar um comentário a este tópico. Em breve podemos revisar seu comentário e torna-lo público.